Como é se hospedar no Hotel Tierra Atacama

Quando decidimos ir para o Atacama, ficamos em dúvida de em qual hotel ficar. Não precisamos de luxo, mas procuramos conforto. Inicialmente havíamos feito uma reserva em um hotel no centro da cidade, confortável, simples, sem passeios incluídos, nem refeições, ou seja, um perfil bem diferente do Tierra Atacama.

Mas pensamos melhor e achamos que como iríamos levar a Isabella junto, teríamos que investir mais na hospedagem e nos passeios. Pensamos assim: se os passeios não derem certo, se forem chatos para ela, ou se a pequena sentisse os efeitos da altitude, queríamos estar em um lugar que pudéssemos curtir e aproveitar o hotel e que os passeios fossem feitos com uma equipe de primeira que, se algo acontecesse, saberia como agir.

Pesquisando os hotéis all inclusive de San Pedro, aquele com que mais nos identificamos foi o Tierra Atacama. Na verdade, eles nos conquistaram quando vimos, no site, fotos de crianças curtindo o hotel e os passeios (o que não vimos no site dos outros hotéis). Contas e mais contas depois, vimos que fazendo os passeios com uma operadora bem conceituada e colocando no cálculo gastos com transfer, alimentação e hospedagem que oferecesse uma estrutura legal, vimos que a diferença da conta que tínhamos chegado, para o orçamento enviado pelo Tierra Atacama (transfer + hospedagem + passeios + refeições) não era tão absurda e optamos por investir mais na viagem e fizemos nossa reserva.

E não nos arrependemos. Recomendamos muito!

Chegamos em Calama (o aeroporto mais próximo de San Pedro) pegamos as malas e um pouco depois nosso transfer chegou. Uma van só para nós três. Entramos, nos acomodamos e a motorista nos ofereceu água - estar bem hidratado é super importante para fazer a adaptação à altitude.

No hotel fomos recepcionados pelo Yasú, um dos guias que nos acompanham nos passeios. Com sucos de chirimoya e framboesa e antes mesmo de irmos para o quarto já estávamos agendando todos os passeios que gostaríamos de fazer.

Bom, vamos falar sobre o hotel. Ao entrar parece que estamos em uma revista de arquitetura. Sério. A recepção e lobby juntos ao restaurante tem um design bem aberto e iluminado com muitos detalhes naturais e sem nenhuma ostentação – bem como a gente gosta. Os quartos são dispostos em dois prédios separados por um jardim bem cuidado e sem frescura alguma – era uma extensão da área de fora do hotel.

Nós ficamos em um quarto Poniente, que são um pouco maiores, com um janelão que se abre para o Licancabur. Os quartos Oriente são mais românticos, conforme o próprio hotel classifica. Bem, nosso quarto tinha uma área com sofá e mesa de centro e mesmo com a cama da Isabella montada era enorme. Na entrada uma escrivaninha, armário com bastante espaço, banheiro com chuveiro e banheira e amenidades L’Occitane. Ainda tínhamos uma área externa privativa, com um pergolado e almofadas e um chuveiro externo e bem privativo, mas que não usamos. Deve ser ótimo no verão. Quando chegamos no quarto havia três garrafas tipo cantil de presente e para levarmos nos passeios. Mais uma vez a importância da hidratação na aclimatação à altitude. Ah, e uma vista fantástica do vulcão Licancabur.

O restaurante todo envidraçado também tem uma vista incrível do vulcão Licancabur e fazia a gente se distrair da comida. O café da manhã era buffet, com pães e itens típicos do Chile, como abacate, mas também encontramos croissants maravilhosos.

O almoço e a janta eram sempre compostos de três pratos – entrada, prato principal e sobremesa. O menu kids era simples mas delicioso, tanto que mais de uma vez nós três fomos de pratos kids (e outras vezes recomendamos para outros hóspedes!). O hambúrguer e o bife de lomo acompanhados de fritas eram sensacionais! Mas mesmo assim, achamos que a alimentação é um ponto que poderia melhorar. A apresentação dos pratos era impecável, mas alguns deles eram mais bonitos do que gostosos. Não que fossem ruins, longe disso, mas com aquela apresentação, esperávamos mais.

Para beber dávamos preferência aos sucos para acompanhar as refeições. De morango, de chirimoya, de framboesa, de abacaxi, de tomate... Também havia uma boa seleção de vinhos para acompanhar e refrigerantes, claro. As águas saborizadas com frutas também eram muito gostosas. Começamos a fazer em casa também!

Quando sentávamos à mesa logo traziam para a Isabella uma folha com atividades e alguns lápis de cor. Na primeira refeição foi muito legal, mas a folha de atividades foi a mesma durante toda a nossa estadia lá, o que obviamente fez a pequena perder o interesse.

Uma área do hotel que usamos bastante foi a piscina coberta – e aquecida. A Isabella adorou, mas ela gostar de uma piscina não é novidade! A piscina externa tinha uma vista deslumbrante, especialmente no pôr do sol, mas nessa hora a temperatura já começa a cair rapidinho. Durante o dia chegava aos 26 graus, mas à noite chegava bem pertinho do zero (estivemos lá no fim de agosto).

O hotel também oferece serviço de spa, mas não usamos. No bar do lobby sempre havia chá de coca à disposição e um mix de frutos secos (amêndoas, amendoim, passas e nozes) e podíamos pedir sucos a qualquer hora.

Os passeios foram todos excelentes. Já falamos de cada um deles e fizemos em uma ordem que permitiu que nos aclimatássemos bem à altitude. No primeiro dia já fomos a Toconao e ao Salar de Atacama. No segundo dia fizemos o Valle de la Muerte e Valle de la Luna pela manhã e à tarde a Laguna Cejar. No terceiro dia fomos a 3500m nas Termas de Puritama e à tarde a 3000m nas Cornisas do Valle de la Muerte. No quarto dia chegamos a 3600m no Valle Arcoiris e Petroglifos e à tarde ficamos pelos 2500m de San Pedro em um passeio a Cavalo pela Cordillera de la Sal. No quinto dia batemos o recorde de altitude chegando a 4800m acima do nível do mar na estrada para o Salar de Tara – que fica a 4300m e, no último dia, cedinho pela manhã fomos ver os Geisers del Tatio, também a 4300m. Todos os guias foram excelentes, mas claro que tivemos nossos preferidos: os dois Felipe e o Carlos. Por que estes? Pois foram os que, na nossa percepção, mais agradaram as crianças, engajando-as nos passeios e fazendo com que se interessassem pelo que estavam vendo. Sim, crianças, no plural, pois vários dos passeios que fizemos fomos acompanhados por outros hóspedes que estavam lá com os pequenos de 6 e 3 anos.

Todos os nossos passeios foram em espanhol/portunhol e inglês. Quando a gente não entendia o guia, ou vice versa, faziam o maior esforço para que nós os entendêssemos ou que eles nos entendessem.

À noite os horários dos passeios do dia seguinte eram colocados em um quadro negro.

Com relação aos passeios, como já falamos em outros posts, o Tierra os organiza de maneira que a gente possa curtir o deserto de uma maneira mais intimista, ou seja, com menos gente. Por exemplo, o Valle de la Luna, que praticamente todo mundo visita à tarde para ver o pôr do Sol, nós visitamos pela manhã e o Salar de Atacama, que geralmente é visitado pela manhã, nos presenteou com um pôr do Sol inesquecível - e nos dois passeios o deserto era praticamente só nosso!

O Tierra Atacama não foi apenas uma opção de hospedagem durante a viagem. Ele foi parte da experiência de conhecer e vivenciar o Atacama e nós recomendamos muito!

Agora que já conhecemos o Tierra Atacama, estamos de olho no Tierra Patagônia, que fica em Torres del Paine e o Tierra Chiloé, na beira do mar na Patagônia Norte.

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