Não dá pra acreditar que a gente demorou tanto tempo para conhecer São Miguel das Missões, aqui no Rio Grande do Sul mesmo. É uma vergonha. Não tem outra palavra para descrever. A gente achava que não seria interessante, que ficaríamos sem ter o que fazer, mas nos enganamos.
Estar nas ruínas da Missão de São Miguel é, com perdão do clichê, respirar história. E a razão de termos finalmente ido visitar aquelas bandas era que a Isabella estava estudando a história do Rio Grande do Sul na escola. Achamos tão interessante, que resolvemos ir conhecer pessoalmente!
Muito legal conhecer esse pedaço da história do nosso Estado e país. As Missões são da época em que as terras do Rio Grande do Sul pertenciam à Espanha e foram construídas para que os espanhóis marcassem presença no território e para dar cultura aos índios que aqui viviam. Em 1750 com o Tratado de Madri, os espanhóis deram essas terras aos portugueses que por sua vez passaram o comando de Colônia do Sacramento à Espanha. Aos padres jesuítas e aos índios das Missões foi dada a ordem de pegar o que pudessem e ir para a margem oriental do rio Uruguai, abandonando estas terras. Inconformados, os índios guaranis resolveram lutar contra os exércitos português e espanhol, afinal as terras eram deles, mas não tiveram chance contra a quantidade de homens e poder de armamento dos europeus.
Vamos lá então, falar sobre este destino que nos surpreendeu.
Como chegar a São Miguel das Missões
Para quem vem de outros estados a maneira mais prática é voar até Passo Fundo e de lá ir de carro, pois até São Miguel são cerca de 250 km. Mas convenhamos que só é interessante para quem quer ir apenas a São Miguel, ou vai fazer o circuito das Missões argentinas também.
A maneira mais barata (tendo em vista o preço das passagens) é saindo de Porto Alegre – são 482 km. O caminho recomendado é pegar a BR-386 até a cidade de Tio Hugo, lá trocar para a RS-223 até Cruz Alta, RS-342 até Ijuí e depois seguir pela BR-285 até o acesso a São Miguel das Missões. A estrada é duplicada até um pouco antes de Lageado, depois todo o tempo é de pista simples e o asfalto está em bom estado, tirando alguns trechos com alguns buracos – mais uma razão para obedecer o limite de velocidade.
O GPS/Waze/Google Maps poderá dar uma outra opção de rota, indo de Porto Alegre a Soledade e lá pegando a RS-332 passando por Espumoso e em Tapera pegar a RS-223 para seguir a Cruz Alta. Nós fizemos esse caminho na ida e não recomendamos. A estrada tem alguns trechos bem ruins e no geral não está boa. O caminho citado acima é bem melhor. Não é perfeito, mas é melhor.
Em Soledade, mais ou menos no meio do caminho, há dois lugares bons para parar e espichar as pernas. O Paradouro Parque das Tuias e o Restaurante Italian's.
Onde ficar em São Miguel das Missões
Não há muitas opções de hotel em São Miguel das Missões. Recomendamos o Tenondé Park Hotel. É lá que a maioria do pessoal fica hospedado e o hotel tem uma boa estrutura para quem viaja com crianças. Uma sala de jogos, piscina (ao ar livre) e bastante área para brincar e correr, como um parquinho e algumas quadras de esporte.
Os quartos têm ar condicionado quente e frio (fomos em abril e estava bem frio). O café da manhã é simples, mas ok para começar o dia.
O hotel também tem restaurante – o que é ótimo em uma cidade sem muitas outras opções. Nós chegamos ao hotel depois da uma da tarde, o restaurante estava fechado e pedimos por indicações de onde comer. A resposta foi de que não havia nenhum restaurante aberto àquela hora! Vendo nossa cara de desespero a recepcionista ligou para a cozinha do hotel e perguntou se teria como prepararem algo – e ainda bem que a resposta foi sim! Comemos um xis que estava bem gostoso.
Na janta daquele dia optamos pelo Buffet do hotel – se no almoço não teria nada aberto, imagina às 9 e pouco da noite! Chegamos para jantar após o show noturno nas ruínas e o restaurante estava quase vazio – já estava fechando e a comida era bem fraquinha, mas deu para matar a fome 🙂
Vocês podem fazer reserva no Tenondé Park Hotel direto aqui pelo blog. Pelo Booking alguns tipos de quartos nem precisam de cartão de crédito para reservar! Outra opção de hospedagem é a Pousada das Missões.
O que fazer em São Miguel das Missões
Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo
A principal razão de visitar São Miguel é a visita ao sítio arqueológico são Miguel Arcanjo - as ruínas da Missão de São Miguel. É uma das ruínas mais bem preservadas das missões (que eram sete ao total, em território brasileiro).
A redução começou a ser construída em 1687 e a igreja em 1735, sendo concluída em 1750. Em 1756 foi incendiada, mas por mais alguns anos foi habitada, até ser abandonada. Apenas por 1925 as estruturas começaram a ser recuperadas. Para quem quiser fazer uma leitura mais aprofundada, recomendamos este artigo aqui.
Pelas fotos a gente acha que o lugar é isolado, mas não. Fica bem dentro da cidade e tem até uma boa área de estacionamento. A gente compra o ingresso em um espaço em frente, onde também há uma lojinha de lembranças e ali também podemos contratar guias para acompanhar no passeio.
Ali também há vários indígenas vendendo seu artesanato. Se você tiver interesse em adquirir, faça ali, pois eles vão embora cedo e no domingo não estão ali. Nós deixamos para comprar na saída, e só conseguimos comprar pois paramos uma senhora quando ela passou perto da gente indo para casa, durante nossa visita ao sítio arqueológico.
A gente paga o ingresso, entra na área reservada e logo vê aquela ruína, enorme que nos deixa de queixo caído.
Ali também tem um pequeno museu que em 2016 foi parcialmente destruído por uma ventania. Algumas das peças, imagens de santos em madeira, que estavam em exposição foram transferidas para o Hotel Tenondé, onde podem ser visitadas. Infelizmente o museu continua fechado e pelas notícias que vimos, estão para começar as obras de recuperação, mas sem prazo para terminar. O museu já foi reaberto!!
Em um dos cantos do museu está o sino que ficava na torre da igreja. São 910 quilos de ferro forjado. E ali mais um símbolo das missões: a cruz missioneira que representa a fé redobrada, segundo o que a Isabella nos contou que ela aprendeu.
Fizemos o passeio sozinhos. Como a Isabella estava estudando justamente as missões na escola, optamos por não contratar um guia. Não há mais a possibilidade de alugar um áudio guia para explicar o passeio.
Visitamos a igreja e as várias áreas destinadas a alojamentos, escolas e oficinas. A redução (aquela área toda) era uma mini cidade. No centro estava a igreja, em sua frente um grande pátio e por ali os alojamentos dos índios, dos jesuítas, oficinas, escolas, cemitério e plantações, como na maquete mais ali em cima!
É impressionante ver o tamanho daquela estrutura e imaginar como foi construída, sem contar como devia ser quando habitada.
Terminamos a visita, fomos descansar no hotel e voltamos mais tarde para assistir ao show de som e luzes.
Show de sons e luzes
Leve uma lanterna (o caminho da entrada até as arquibancadas não é iluminado) e uma almofada para sentar. As arquibancadas são de cimento e ficam geladas. Nós fomos em abril e levamos roupas de inverno (luvas, gorros, casacão e cachecol), pois a previsão era da temperatura ficar abaixo de 10 graus. Levamos também algumas mantas tipo aquelas de avião para nos cobrir. O vento aumentava o frio incrivelmente.
Quando o show começou, a Isabella não gostou. E realmente o início é meio macabro. Gritos e sons de guerra no escuro com algumas luzes ao fundo iluminando árvores. Demorou até ela levantar o gorro e tomar coragem para ver o que acontecia.
As árvores, a igreja e algumas outras ruínas são iluminadas e dialogam contando a história da construção das missões, dos tratados e da guerra que ocorreu, com destaque para a participação de Sepé Tiaraju, o líder guarani.
O volume é alto, o escuro intenso, a iluminação dramática e o texto rebuscado, por isso para crianças pode não ser interessante. Como falamos, a Isabella não gostou, mas nós achamos legal.
Fonte Missioneira
No outro dia pela manhã fomos conhecer a fonte missioneira. Uma fonte natural de água que era usada pela redução. Estava frio e vimos que saía um vapor da água. Colocamos a mão e a água era morna 🙂 Olhem só os detalhes dos desenhos da fonte!
Santuário do Caaró
O santuário do Caaró é o local onde morreram os padres Roque Gonzáles e Afonso Rodrigues, os primeiros jesuítas a catequizar os índios da região. O santuário foi construído para homenagear os padres, considerados mártires e hoje santos. Mais informações sobre o Santuário aqui.
Santo Ângelo
Na vinda para casa passamos na cidade de Santo Ângelo e visitamos a catedral, que foi construída sobre a missão de Santo Ângelo. A praça em frente a igreja tem algumas características similares às praças das reduções: cruzes missioneiras em cada canto da praça. Também fizemos uma rápida visita ao Museu Municipal e ao monumento a Sepé Tiaraju. Sepé Tiaraju foi um guerreiro indígena, liderou os guaranis contra as forças espanholas na Guerra Guaranítica, é considerado santo popular e foi declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" por lei! Mais informações sobre ele aqui.
Nós gostamos tanto do passeio que queremos voltar, mas dar uma esticada até as missões argentinas e paraguaias, especialmente depois de ver este post sobre as missões jesuíticas da Argentina, no Viajoteca. O Altier do blog Pé na Estrada conta como foi a visita acompanhado de um guia.
Diariamente:
No período de horário de verão: 21:30h
Fevereiro, Março, Abril, Agosto, Setembro, Outubro: 20h
Maio, Junho, Julho: 19h
Ingresso: R$ 5,00, estudantes R$ 2,50
Venda de Ingressos: 1h antes do Espetáculo de Som e Luz
Horário de Visitação no Sitio Arqueológico São Miguel Arcanjo
9h às 12h e das 14h às 18h, de Terça a Domingo.
No período de horário de verão: 9h às 12h e das 14h às 20h
Valor do Ingresso: R$ 5,00, estudantes R$ 2,50
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Isuara soares
Olá sou de Goias e esatrei em porto Alegre em janeiro. Goataria de conhecer sao Miguel das Missoes. Vou de onibus ate la. POA a sao Miguel. Como devo fazer esse trajeto melhor, mais fácil? Devo ir direto para santo Ângelo? Existem transportes e receptivos que me le em ate lá nas missões.?
Malas e Panelas
Olá! Fizemos o trajeto de carro, por isso não sabemos, mas provavelmente terás que ir até Santo Ângelo. Sobre transportes e receptivos, dá uma pesquisada no Google, com certeza irá encontrar opções. Mas não esqueça, estamos em plena pandemia, as opções devem estar bem reduzidas.