Em 2013 a Isabella entrou na primeira série do ensino fundamental. Até então nós nunca havíamos nos preocupado em tirá-la da escola para viajar.
Na educação infantil as atividades eram mais tranquilas, feitas ao longo de vários dias, não havia a obrigatoriedade de cumprir carga horária ou de acompanhar os conteúdos, embora ela gostasse e buscasse fazer as atividades mais importantes que havia perdido.
Mas na primeira série, na escola pra valer, as coisas mudaram de figura. Antes do início do ano letivo havíamos combinado que somente faríamos uma viagem se a Isabella estivesse bem na escola e acompanhando o conteúdo. E mesmo assim que seria uma viagem curta.
O fato de ser uma série inicial não quer dizer que devemos menosprezar o conteúdo ou a importância do que nossos pequenos fazem na escola. A Isabella já sabia escrever quando ela terminou a educação infantil, mas ela ainda não lia. Também começou a aprender adição e subtração básicas e a produzir textos. Para uma criança que era acostumada a ir à escola e a brincar mais do que aprender - ou aprender brincando, sem se dar muita conta, foi uma grande mudança.
Como vimos que ela acompanhava bem o conteúdo, ao recebermos um email com uma promoção para Paris não pensamos duas vezes. Emitimos as passagens para junho, faltando um mês para as férias de inverno, e para ficarmos 12 noites fora.
Mesmo ainda faltando uns meses para a viagem fomos falar com a professora dela sobre o assunto. E ela referendou nosso pensamento. Como a Isabella estava indo bem, ela dificilmente teria problemas em recuperar as atividades perdidas. Até falamos que poderíamos levar algumas atividades para ela fazer durante a viagem, mas a professora disse que seria melhor que ela as fizesse quando voltasse. Que na viagem, descansasse e visse outras coisas.
E nesta viagem ela acabou ficando duas semanas sem ir à aula. Quando retornou tinha uma pilha de atividades para fazer, mas ela as fez com gosto. Em pouco mais de uma semana colocou tudo em dia.
Claro que aos 6 anos ela não se interessava por história da arte, mas ficou sabendo que antigamente as estátuas eram peladas por que era um tempo de valorizar as pessoas e as ciências naturais, esteve em contato com francês - até aprendeu umas coisinhas; geografia - fomos a Londres no Eurostar, e foi a primeira vez que ela viu que era possível ir de um país para outro por via terrestre; conheceu um pouco de história e outros costumes - tudo na maneira dela.
Vacinados, quando vimos a promoção para Orlando por 138 dólares ida e volta corremos para o computador. Mas desta vez conseguimos conciliar as datas da viagem com uma semana em que as atividades escolares são menos intensas, pois é uma semana que a escola dedica a atividades em comunidade, para os pais, para as crianças e há bem menos atividades curriculares. Mesmo assim, foram 8 dias de aula perdidos.
Desta vez ela resmungou mais para recuperar o conteúdo, mas entendeu que somente pode viajar pois combinamos que ela teria que fazer tudo o que ficou para trás. Ajudamos ela no que foi possível, mas sem fazer as lições por ela e pouco mais de uma semana depois tudo estava em dia.
E ela viu que valeu a pena o esforço, pois foi em atrações que não podia ir antes em razão da altura, aproveitou outras, esteve em contato com outra língua e cultura e se deu conta de como falam "awesome" por lá. Na saída de cada montanha russa ou atração as crianças e adultos falavam que a atração tinha sido "awesome" e lá pelas tantas ela nos tasca um "Como eles gostam de falar awesome aqui". Nos deixou de queixo caído. Mesmo sem saber o que era, o ouvido estava atento, e para nós aquilo mostrou que valeu a pena ter perdido alguns dias de aula.
Então, em uma viagem nossa pequena está em contato com uma cultura diferente, ouvindo uma língua, ou sotaque, que não é a dela, observando hábitos locais que não vê por aqui, experimentando novos sabores e tudo isso, nós entendemos, vai abrindo a cabecinha dela para que entenda melhor o mundo e se prepare para ele, e esse é um dos nossos objetivos como pais. mpviagemxescola
Na segunda semana de fevereiro passado começaram as aulas do segundo ano. Nós continuamos com a mesma ideia: ela só irá sair da escola para uma viagem se estiver acompanhando bem a matéria e sem grandes dificuldades - preguiça não conta - e por enquanto ela está afiadíssima, bom sinal 😉
Mas no período de férias de verão nos demos conta de uma coisa: nós teremos que mudar nosso calendário de viagem para que a escapada maior seja no período sem escola. Porquê? Por que não dá pra deixar a pequena dois meses em casa! Já que neste período a escola não é problema, teremos que aproveitar! As passagens são mais caras, hotéis menos baratos, mas mesmo assim, com uma boa programação, dá para fugir de preços exorbitantes.
Atualização em out/14: Nossa ideia para este ano era que a Isabella não perdesse aula para viajar, mas acabamos dando uma escapada no final de agosto e ela perdeu duas semanas de aula. Não foi possível conciliar as férias de inverno dela com as nossas e, como ela estava acompanhando bem o conteúdo, vimos que seria possível. Fomos para o Atacama. Mais uma vez, um baita aproveitamento da viagem, mas na volta, muitas atividades para colocar em dia. De novo, ela conseguiu recuperar numa boa, embora ficasse cansada as vezes, pois tinha que fazer as atividades da escola, lição de casa e atividades atrasadas.
Esta discussão toda também aconteceu no grupo Viagens em Família, no Facebook, do qual fazemos parte. Lá muita gente que tem os pequenos ainda no ensino infantil se preocupava com a vida de viagens após a entrada das crianças na escola "de verdade". Teve comentários de toda a ordem. Os que pensam como a gente e que tiveram histórias de sucesso; histórias de pais arrependidos de terem tirado os pequenos da escola em um período tão importante e a história contada por quem está do outro lado, ou seja, professoras. Não havíamos pensado nisso, mas essa ausência pode afetar o andamento das atividades da turma como um todo, se sempre um ou dois estiverem fora.
E fomos avisados pela Adriana do Diário de Viagem sobre uma lei que exigirá das crianças 60% de frequência na pré-escola e que já está valendo. Até 2016 todas as crianças a partir dos 4 anos deverão estar na escola. Isso ainda dá um tempo para quem não quer se preocupar, mas mesmo assim, são vários dias que podem ser aproveitados em viagens 🙂 Mais detalhes aqui.
Como nunca é demais lembrar: estamos colocando aqui a nossa opinião e o que funcionou e funciona conosco. De forma alguma este post é uma carta de alforria com a finalidade de tirar as crianças da escola para viajar indiscriminadamente. Se seu filho ou filha estiver indo bem na escola, acompanhando bem o conteúdo e a escola também estiver de acordo com que ele falte aula para viajar, vá adiante e deixe que ele ou ela aproveite o tempo fora para aprender outras coisas. Caso contrário, pense bem e consulte a professora e a escola sobre o assunto. E mais um lembrete: alguns países possuem regras rígidas sobre a ausência dos pequenos na escola. Se você não mora no Brasil, é melhor se informar.
Na galeria abaixo, nossas viagens em período escolar (para ver as fotos em tamanho grande é só clicar sobre qualquer uma delas e para voltar ao post, clique no X no canto esquerdo superior):
Já tiraram os pequenos da escola para viajar? Contem como foi!
*atualização em 2019: a Isabella está agora no sétimo ano e no ano passado fizemos a ultima viagem em período escolar. Ela perdeu 2 provas e foi bem estressante! Daqui para frente as viagens serão somente nas férias!
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Fran Agnoletto
Parabéns pelo post!!
Super importante…e a mãe aqui , já está "Pré - ocupada", mesmo o Dodô entrando no ensino fundamental só em 2016. Mas sobreviveremos, não é?
Abraços,
Fran @ ViagensqueSonhamos
Malas e Panelas
Obrigada Francine
Ah, vão sobreviver sim! Uma que outra escapada é possível, é bom já ir acostumando o Dodô!
Abraços
Debora Segnini
Olá, tudo bem?? Bem bacana e oportuno seu post. Assunto polêmico e útil. Vou contar a minha experiência - Eu digo a vocês que até uma certa idade (7 - 8 anos) eu tirava meu filho da escola com tranquilidade, mas não por tanto tempo - sempre uma semana a uma semana e meia. Sempre alinhavamos com a professora essas faltas. No meio do ensino fundamental 1 (3º ano), comecei a perceber que as faltas influenciavam. A quantidade de tarefas e atividades atrasadas para fazer e dar conta era bem grande e aí decidimos que não íamos mais nos ausentar durante o período letivo. Ano passado caímos na tentação das promoções e eram apenas 3 dias úteis no meio de um enorme feriado - ele perdeu 2 provas. Teve que fazer substitutiva. As faltas não influenciaram no aprendizado (pelo menos!), mas vi que fica penoso. Agora que ele passou para o ensino fundamental 2, ele mesmo já disse que não quer faltar!! Acho que é bem por aí como você disse, precisa analisar uma série de coisas. Viagem é importante e interessante. Os destinos oferecem muito aprendizado, mas não podemos nos perder nisso. Quando eles voltam para a escola, depois de um tempo fora, tem que se readaptar à rotina e isso muitas vezes atrapalha o conjunto da obra.
Um abraço e Parabéns pela iniciativa.
Malas e Panelas
Obrigada Debora
Pois é, agora que a Isabella está no segundo ano ainda estamos tranquilos. Mas como tu falastes, a partir do ano que vem as coisas vão começar a mudar. Perder provas deve ser difícil! E a volta? Às vezes voltamos de vários fusos de diferença e além de retomar a rotina escolar ainda ter que lidar com jet lag não deve ser fácil!
Abraços
Elaine Castro
Orlando por 138 dólares?! Filho larga a escola, eu largo o emprego, marido fecha a empresa... rs
Sério: penso que tudo que vivemos e aprendemos durante uma viagem, sem falar no convívio familiar mais intenso, compensa os dias sem aula. É claro que isso não vale para semanas de prova, nem para quem está maiorzinho, se preparando para o vestibular.
Malas e Panelas
Pois é Elaine, por esse preço é difícil resistir!
Obrigada pela participação.
Um abraço
debora
Adorei o post e sempre é um assunto polêmico mesmo! Confesso que muitas vezes fico em conflito com esta decisão. Meus fllhos são maiores, a responsabilidade na escola é maior, o conceito de faltar na escola para viajar... Mas por outro lado, além dos lugares estarem mais tranquilo, o clima geralmente mais ameno (julho e janeiro são picos de inverno ou verão, né) o preço é absurdamente menor...
Não dá para ter uma regra rigida, tem que analisar e ir adaptando..
Malas e Panelas
Isso mesmo Debora!
Temos que ir sentindo como estão as coisas. Mas concordamos que no futuro vamos ser bem mais rígidos conosco!
Obrigado e Abraços